Insustentavel leveza do ser

terça-feira, junho 28, 2005

Existir

Adoro isso - existir somente.

ÀS VEZES

Às vezes, em dias de luz perfeita e exata,
Em que as cousas têm toda a realidade que podem ter,
Pergunto a mim próprio devagar
Por que sequer atribuo eu
Beleza às cousas.
Uma flor acaso tem beleza?
Tem beleza acaso um fruto?
Não: têm cor e forma
E existência apenas.
A beleza é o nome de qualquer cousa que não existe
Que eu dou às cousas em troca do agrado que me dão.
Não significa nada.
Então por que digo eu das cousas: são belas?
Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver,
Invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens
Perante as cousas,
Perante as cousas que simplesmente existem.
Que difícil ser próprio e não ver senão o visível! (fernando Pessoa )

segunda-feira, junho 27, 2005

O olho vai até onde a vista alcança..

Hoje é segunda de novo.. Estou com preguiça de novo... A semana começa de novo.. De novo é bom assim - de novo o sol, de novo um amor, de novo um momento bom... Bom , algumas coisas soltas :

Visita no Municipal com a Cris na sexta.. Muito bom. Ela tirou fotos que ficaram muito boas e estão no seu blog. Adoro o teatro e ficar sabendo mais sobre a história do local (O maior do Brasil ,segundo da América Latina). Aliás, o Centro para mim é muito bom de percorrer..

Estou gostando muito das noites de friozinho gostoso de inverno. E das manhãs também..

Sensações de conforto e desconforto.. Aproveito e mergulho nas primeiras e não sei o que faço vom as segundas..

Música, lugares e amigos me fazem bem. Falta de perspectivas, de ar pra respirar, falta de liberdade de ser, agir e sentir , estar perdida e confusa no meio das sensações e pensamentos, se sentir só nas angústias invisíveis, isso não.

Quero ir numa baita festa Junina.. Daquelas bem típicas, com fogueira, dança, canjica, pé-de-moleque, paçoca, quentão.. Onde ?

Maratona Musical que a Cris me convidou a fazer, bom vou tentar :

a) Quantos gigabytes usados com música: Infelizmente não tenho baixado músicas ..

b) Último CD que comprei:
Uma coletânea do Gipsy Kings

c) Música tocando no momento: Making love at nothing at all

d) Cinco músicas que tenho escutado bastante: Não deu pra fazer essa seleção ainda , mas vou parar pra destacar algumas que adoro e que me fazem viajar - São várias e também variadas em cantor, idioma, estilo, data, mas vou tentar citar algumas :

  • O que será , que será ?

  • Eu te amo

  • O meu amor

  • Ne me quitte pás

  • I still haven´t found what I´m looking for

  • With or Without you

  • - E tantas outras... Vou aumentar bem mais essa minha lista.

    quarta-feira, junho 22, 2005

    Real, Fantástico, Cru

    Cheguei na parte principal de um dos livros Clarice que estou lendo - A Paixão Segundo G.H.. Só que antes de chegar ao trecho que marca o apíce do livro (sabia pela sinopse) o caminho que ela faz com as palavras e com as sensações é que é sensacional. É um livro um tanto desconfortante, ou mesmo insólito, viajante, como muitas pessoas achariam. Mas gosto. Gosto e acho até que justamente por isso. Para resumir um pouco vai narrando a história de uma mulher que em um momento de sua vida, rompe com seu mundo de certezas e vive uma experiência que faz ela mergulhar no desconhecido. Até chegar a esse ponto, ela tenta se preparar, se despir de seus medos, rever sua vida, dizer quem era. E precisa da cumplicidade do leitor. Ela precisa se preparar pois a situação que faz essa ruptura, é para ela assustadora e não sabe o que fazer dela. Antes desse episódio, ela se descreve uma mulher que sempre procurava organizar sua vida e seu entendimento de si mesma. Se dizia ser uma mulher entre aspas - Como se fosse uma citação. Dizia que não precisava cumprir um papel pré-determinado, mas tinha se achar catalogável. E por aí vai..(vou colar trechos do livro para dar uma ilustração melhor). Até que ela numa dia que ía fazer faxina em sua casa , se depara no quarto de sua antiga empregada, pois era onde iria começar. A primeira coisa que acontece é um estranhamento e sensações de surpresa e desconforto com o quarto. Como se através de suas descrições, o quarto representasse uma porta para essa nova situação que iria viver e que até o momento não sabia. E também nesse quarto(que é descrito cheio de significados e muito bem) ela também vê uma barata. Até aí uma situação simples - uma faxina num quarto de empregada, onde lá está uma barata. Só que o quarto e a barata em verdade são símbolos e os símbolos marcantes para esse mergulho. Então através disso, ela se defronta numa verdade mais real, e que chama de horrível pois não cabe no sentidos e regras humanas. Para resumir mais (pois ainda não cheguei ao que de fato acontece e vcs devem estar curiosos) ela mata a barata e depois prova de sua substância(a substância branca que sai da barta morta). Simbólico , louco, causando náuseas, ler isso pode causar esse estranhamento mesmo. Mas o que gosto desse livro e da leitura da Clarice é como ela percorre no desconhecido, se aprofunda nas sensações humanas e não só no que faz sentido, no tangível. Ela simplesmente vai. Parece ultrapassar. Parece querer tocar e nos deixar em carne-viva. Tocar em verdades mais profundas, como romper com coisas pré-establecidas, olhares superficiais. E a mulher se pega assustada justamente por isso - parece que sentiu com muita intensidade uma verdade bruta, real, crua, que ultrapassa determinados sentidos existentes. E nisso me identifico - porque tem muitas coisas que ultrapassam essas "certezas" e esse mundinho de fórmulas que nos cerca.

    De qq maneira, ler Clarice é uma experiência que vai ao fantástico, ao demasiadamente humano e que também por isso não é fácil.. É sentir e ir.. Lendo para experimentar.
    Vou colar fragmentos do livro aqui para compartilhar melhor.. E ainda estou na metade - vou ver ainda o que vai se suceder depois dessa viajem..

    "Vida e morte foram minhas, e eu fui monstruosa, minha coragem foi a de um sonâmbulo que simplesmente vai. " - A paixão segundo G.H.

    terça-feira, junho 21, 2005

    Inverno..

    O inverno chegou e marca logo presença com chuva e a mudança de temperatura..(Só muita chuva é que atrapalha mesmo, além de andar com guarda-chuvas tb ser bem chato..) mas uma chuvinha fina de vez em quando..Algumas pessoas costumam não gostar desse tempo (ainda mais os cariocas), mas tem seu lado bom - poder desfrutar de outras coisas também - mudar o vestiário, comer melhor, dormir melhor, namorar melhor, ler mais, beber um café com mais prazer, programas mais intimistas, até outras músicas, enfim muitas coisas boas .. Sou tropical, adoro sol e céu azul, mas também sou feita de chuva e nuvens..

    sexta-feira, junho 17, 2005

    Gentileza


    gentileza
    Originally uploaded by Flavia2.



    Essa ilustração faz parte de outras várias encontradas aqui no Rio, e foi feita por um homem chamdo de poeta Gentileza.

    Um pouco da sua história :

    Seu nome era José Datrino, revelado depois como Profeta Gentileza. O incêndio de um circo com centenas de vítimas foi a oportunidade para que irrompesse seu carisma profético.
    Largou tudo e começou a consolar as vítimas. Para isso despediu-se da família e desfez-se de todos os bens materiais. Passou a pregar a gentileza por toda a metrópole carioca e fluminense, tornando-se figura folclórica sobretudo entre os transeuntes das Barcas Rio-Niterói. Na década de 80 dá início aos seus escritos nas pilastras do Viaduto do Cajú, recuperadas após terem sido apagadas pelos serviços de limpeza municipais, graças ao projeto "Rio com Gentileza", coordenado por Leonardo Guelman e divulgado amplamente no país e exterior pela cantora Marisa Monte.

    quinta-feira, junho 16, 2005

    Musica..

    Uma maravilhosa música, intensa, que eleva e que me toca , que emociona e senbiliza.. Gosto de coisas que me deixam à flor da pele. Coisas em que acredite e que entre em sintonia. Coisas que passem verdade, emoções com suas cores fortes e reais, dores, prazeres, amores, medos, raivas.. Tocar à alma e ao corpo.

    Iria comentar sobre toda essa confusão e corrupção atuais que andam acontecendo (Mensalão e cpi dos Correios), ou comentar do meu cotidiano, da realidade que nos cerca, entre outras coisas.. Mas não quero essa realidade tão forte e difícil, assim como também não quero apenas relatar um cotidiano de tarefas diárias.. Quero passar intensidade, força , paixão.. Isso e mais algumas coisas consigo passar através de música, imagens, enfim - através da arte.. Que é uma porta ótima para uma vida inventada melhor, para exorcizar dores e para alçar vôos....

    P.S : Quem nunca ouviu essa música, confira ... E a tradução dela é demais tb.. Foi da Minissérie Presença de Anita.

    Ne Me Quitte Pas.
    (Jacques Brel).

    Ne me quitte pas,
    Ne me quitte pas,
    Il faut oublier,
    Tout peut s'oublier
    Qui s'enfuit déjà.
    Oublier le temps
    Des malentendus
    Et le temps perdu
    A savoir comment
    Oublier ces heures,
    Qui tuaient parfois
    A coups du porquoi,
    Le coeur du bonheur.

    Ne me quitte pas,
    Ne me quitte pas,
    Ne me quitte pas,
    Ne me quitte pas,
    Moi je t'offrirai
    Des perles de pluie
    Venues de pays
    Où il ne pleut pas
    Je creuserai la terre
    Jusqu'après ma mort,
    Pour couvrir ton corps
    D'or et de lumière.
    Je ferai un domaine
    Où l'amour sera roi,
    Où l'amour sera loi,
    Où tu seras reine.

    Ne me quitte pas,
    Ne me quitte pas,
    Ne me quitte pas,
    Ne me quitte pas,
    Ne me quitte pas.
    Je t'inventerai
    Des mots insensés
    Que tu comprendras,
    Je te parlerai
    De ces amants-là
    Qui ont vu deux fois
    Leurs coeurs s'embraser,
    Je te raconterai
    L'histoire de ce roi
    Mort de n'avoir pas
    Pu te rencontrer.

    Ne me quitte pas,
    Ne me quitte pas,
    Ne me quitte pas,
    Ne me quitte pas.
    On a vu souvent
    Rejaillir le feu
    D'un ancien volcan?
    Qu'on croyait trop vieux
    Il est parâit-il
    De terres brûlées
    Donnant plus de blé
    Qu'un meilleur avril,
    Et quand vient le soir
    Pour qu'un ciel flamboie
    Le rouge et le noir
    Ne s'épousent-ils pas.

    Ne me quitte pas,
    Ne me quitte pas,
    Ne me quitte pas,
    Ne me quitte pas,
    Ne me quitte pas.
    Je ne vais plus pleurer,
    Je ne vais plus parler,
    Je me cacherai là
    A te regarder
    Danser et sourire,
    Et à t'écouter
    Chanter et puis rire.
    Laisse-moi devenir
    L'ombre de ton ombre,
    L'ombre de ta main,
    L'ombre de ton chien.

    Ne me quitte pas,
    Ne me quitte pas,
    Ne me quitte pas,
    Ne me quitte pas.

    segunda-feira, junho 13, 2005



    Hoje o dia está lindo e é plena segunda-feira..(Como se as segundas não pudessem ser belas tb )..
    Final de semana bom , com momentos agradáveis e boas surpresas.. Que existam possibilidades boas e que me façam sentir bem , segura e sem medo. Não quero ficar caindo em ciladas, fazendo concessões desnecessárias e vivendo situações nas quais não me identique e que não acredite , vibre e me envolva.. Prefiro as escolhas coerentes e que me façam sentido do que "estar por estar".. Prefiro viver feliz e consciente com elas do que insatisfeita e vivendo mentiras.. Cada escolha tem seu preço, seus dilemas e alegrias, mas prefiro pagar esse preço por algumas e não pagar por outras. Prefiro trocas verdadeiras do que parcerias solitárias. Prefiro viver sem jogos e disfarçes. Prefiro a cumplicidade ou senão a solidão. Prefiro a leveza ao peso. Prefiro os sorrisos e lágrimas sinceros do que as palavras e gestos falsos. Prefiro também e só - amizades verdadeiras. Prefiro um jogo de frescobol , onde as pessoas querem jogar e rebater boas bolas e são parceiras, do que um jogo de tênis -onde cada um joga bolas tortas e um se sente vencedor e outro perdedor. Prefiro sonhos reais do que ilusões falsas. Prefiro ser plena e livre do que metade dependente. Prefiro viver, acreditar e ser feliz do que se arrepender, se lamentar e não ter vivido. Prefiro a vida com seus sabores, desafios, alegrias e tristezas, mas real e plena de significados e motivos pra seguir..

    Antes do Amanhecer2
    Originally uploaded by Flavia2.

    sábado, junho 11, 2005

    Namorar..

    Fiquei bem ocupada nessa semana e agora arrumei esse tempinho livre para postar aqui.. Bom, um dos principais assuntos nessa semana foi e é -o Dia dos namorados. A mídia todo o tempo massificando com imagens de casais apaixonados, troca de presentes, e tal.. Então tá - E quem está sem seu par fica com aquela sensação de estar por fora.. É, acho que namorar é muito bom sim - dividir momentos, ter cumplicicidade, alguém para compartilhar .. Mas pode se estar bem também sozinho, mesmo sentindo falta disso. Segue um texto abaixo que acho bem interessante e vai complementar muito bem o que também procuro fazer e acreditar..


    S AWABONA
    Sobre estar sozinho

    >> (Flávio Gikovate, médico psicoterapeuta)

    Não é apenas o avanço tecnológico que marcou o inicio deste milênio. As relações afetivas também estão passando por profundas transformações e revolucionando o conceito de amor. O que se busca hoje é uma relação compatível com os tempos modernos, na qual exista individualidade, respeito, alegria e prazer de estar junto, e não mais uma relação de dependência, em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar.

    A idéia de uma pessoa ser o remédio para nossa felicidade, que nasceu com o romantismo está fadada a desaparecer neste início de século. O amor romântico parte da premissa de que somos uma fração e precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos. Muitas vezes ocorre até um processo de despersonalização que, historicamente, tem atingido mais a mulher. Ela abandona suas características, para se amalgamar ao projeto masculino.

    A teoria da ligação entre opostos também vem dessa raiz: o outro tem de saber fazer o que eu não sei. Se sou manso, ele deve ser agressivo, e assim por diante. Uma idéia prática de sobrevivência, e pouco romântica, por sinal. A palavra de ordem deste século é parceria. Estamos trocando o amor de necessidade, pelo amor de desejo. Eu gosto e desejo a companhia, mas não preciso, o que é muito diferente.

    Com o avanço tecnológico, que exige mais tempo individual, as pessoas estão perdendo o pavor de ficar sozinhas, e aprendendo a conviver melhor consigo mesmas. Elas estão começando a perceber que se sentem fração, mas são inteiras. O outro, com o qual se estabelece um elo, também se sente uma fração. Não é príncipe ou salvador de coisa nenhuma. É apens um companheiro de viagem.

    O homem é um animal que vai mudando o mundo, e depois tem de ir se reciclando, para se adaptar ao mundo que fabricou. Estamos entrando na era da individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo. O egoísta não tem energia própria; ele se alimenta da energia que vem do outro, seja ela financeira ou moral.

    A nova forma de amor, ou mais amor, tem nova feição e significado. Visa à aproximação de dois inteiros, e não a união de duas metades. E ela só é possível para aqueles que conseguirem trabalhar sua individualidade. Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afetiva. A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso. Ao contrário, dá dignidade à pessoa. As boas relações afetivas são ótimas, são muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem.

    Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado. Cada cérebro é único. Nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém. Muitas vezes, pensamos que o outro é nossa alma gêmea e, na verdade, o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto.

    Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando, para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal. Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo, e não a partir do outro. Ao perceber isso, ele se torna menos crítico e mais compreensivo quanto às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um.

    O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável. Nesse tipo de ligação, há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado.Nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo...

    PS: Caso tenha ficado curioso(a) em saber o significado de SAWABONA, é um cumprimento usado no sul da África quer dizer: "EU TE RESPEITO, EU TE VALORIZO, VOCÊ É IMPORTANTE PRA MIM".

    Em resposta as pessoas dizem SHIKOBA: "ENTÃO EU EXISTO PRA VOCÊ"

    sexta-feira, junho 03, 2005

    Jorge Drexler



    Estou conhecendo mais sobre esse cantor uruguaio - Jorge Drexler - que ganhou o Oscar com a música Al otro lado Del Río que integra a trilha do filme Diários de Motocicleta de Walter Sales. Ouvi essa e uma outra que adorei - Todo se transforma .(Uma maneira ótima de treinar o espanhol também). Minha irmã que já o conhece e gosta muito, foi no show dele no Canecão nessa quinta(02/06). Tirou até umas fotos com ele.(Que aliás é uma graça!). Porque a gente não tem exemplares como ele aqui ?? Vale a pena conferir as suas melodias, escutar aquele espanhol gostoso e ver a gostosura que ele é tb... :)
    Jorge Drexler
    Originally uploaded by Flavia2.



    Al otro lado Del Río

    Clavo mi remo en el agua
    Llevo tu remo en el mío
    Creo que he visto una luz
    al otro lado del río

    El día le irá pudiendo
    poco a poco al frío
    Creo que he visto una luz
    al otro lado del río

    Sobre todo creo que
    no todo está perdido
    Tanta lágrima, tanta lágrima
    y yo, soy un vaso vacío
    Oigo una voz que me llama
    casi un suspiro
    Rema, rema, rema-a
    Rema, rema, rema-a

    En esta orilla del mundo
    lo que no es presa es baldío
    Creo que he visto una luz
    al otro lado del río

    Yo muy serio voy remando
    muy adentro sonrío
    Creo que he visto una luz
    al otro lado del río

    Sobre todo creo que
    no todo está perdido
    Tanta lágrima, tanta lágrima
    y yo, soy un vaso vacío

    Oigo una voz que me llama
    casi un suspiro
    Rema, rema, rema-a
    Rema, rema, rema-a

    Clavo mi remo en el agua
    Llevo tu remo en el mío
    creo que he visto una luz
    al otro lado del río
    Todo se transforma

    Tu beso se hizo calor,
    luego el calor movimiento,
    luego gota de sudor
    que se hizo vapor, luego viento
    que en un rincón de La Rioja
    Movió el aspa de un molino
    mientras se pisaba el vino
    que bebió tu boca roja.

    Tu boca roja en la mía,
    La copa que gira en mi mano,
    y mientras el vino caía
    supe que de algún lejano rincón
    de otra galaxia
    el amor que me darías
    transformado volvería algún día
    a darte las gracias.

    Cada uno da
    lo que recibe
    y luego recibe
    lo que da
    nada es más simple
    no hay otra norma
    nada se pierde
    todo se transforma.
    todo se transforma.

    El vino que pagué yo
    con aquel euro italiano
    que había estado en un vagón
    antes de estar en mi mano.
    Y antes de eso en Torino
    y antes de Torino en Prato
    donde hicieron mi zapato
    sobre el que caería el vino.
    Zapato que en unas horas
    buscaré bajo tu cama
    con las luces de la aurora
    junto a tus sandalias planas
    que compraste aquella vez
    en Salvador de Bahía
    donde a otro diste el amor
    que hoy yo te devolvería.

    Cada uno da lo que recibe
    luego recibe lo que da
    nada es más simple
    no hay otra norma
    nada se pierde
    todo se transforma

    supe que de algún lejano rincón
    de otra galaxia
    el amor que me darías
    transformado volvería algún día
    a darte las gracias.

    Cada uno da
    lo que recibe
    y luego recibe
    lo que da
    nada es más simple
    no hay otra norma
    nada se pierde
    todo se transforma.
    todo se transforma.

    quinta-feira, junho 02, 2005

    Poesia e Arte - perfeita combinação



    Quando Eu ( Fernando Pessoa )

    Quando eu não te tinha
    Amava a Natureza como um monge calmo a Cristo.
    Agora amo a Natureza
    Como um monge calmo à Virgem Maria,
    Religiosamente, a meu modo, como dantes,
    Mas de outra maneira mais comovida e próxima ...
    Vejo melhor os rios quando vou contigo
    Pelos campos até à beira dos rios;
    Sentado a teu lado reparando nas nuvens
    Reparo nelas melhor -
    Tu não me tiraste a Natureza ...
    Tu mudaste a Natureza ...
    Trouxeste-me a Natureza para o pé de mim,
    Por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma,
    Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais,
    Por tu me escolheres para te ter e te amar,
    Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente
    Sobre todas as cousas.
    Não me arrependo do que fui outrora
    Porque ainda o sou.



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    Originally uploaded by Flavia2.