O tempo estava convidativo para ir no cinema.. Estava com vontade de assistir a um filme, e embarcar numa historia, e entao fui no Odeon. Gosto dali porque tambem tem um clima gostoso, aconchegante. Vi que estava passando um filme que parecia interessante e resolvi conferir. Um desses filmes que nao passam no circuitao. O nome eh Inquietude. Um filme desses que como tem natureza reflexiva e humana, tem suas doses de melancolia tambem. Filme sensivel. Como sobre o que comentei no inicio desse blog, o filme tambem parecia ter a intencao de falar sobre o que esta nas entre-linhas da vida , da nossa existencia e tentar tocar o que nao eh tao paupavel.
Sem acentos...
Inquietude de Manuel de Oliveira - 1998 - Portugal/Franca/Espanha/Suica
Um pouco do filme - Sao tres historias desconexas, mas interligadas ao mesmo tempo. A primeira comeca falando de forma tragicomica sobre o esquecimento. " Inquietude aos poucos se revela um fascinado cultivo da memoria. Ou, valorizando seu potencial filosofico, o filme constitui execlente ensaio sobre a duracao (dos corpos, dos sentimentos, do cinema, da vida). Sao tres historias com perfeita ductilidade entre si, uma puxando para a outra e confrontando diversas camadas (nao apenas narrativas, mas tambem fotograficas e cenograficas). Ao inicio e ao fim encontram-se os lamentos dos esquecidos(o velho cientista, a antiga mae do rio), mas no meio existe a revelacao - na esteira da tentativa sempre frustada de engessar o amor, de reter sua sua virtual transformacao - de que eh preciso preencher o tempo com acoes, de modo a fazer do proprio presente a eternidade. Ritualizados ou nao, os gestos - que em Ultima analise, criam o tempo (porquanto dao a sua impressao) - devem mover a vida para frente, apreender a passagem do tempo como acumulo de tesouros pessoais, a memoria como sendo uma caixa de ferrramentas do presente. "
" O que fica claro no filme de Manoel de Oliveira, contudo, eh que a desaparicao implica necessariamente uma contrapartida, ou seja, a aparicao de alguma coisa no lugar daquilo se foi. Sai tristeza, entra felicidade - e a reciproca eh verdadeira. O que sumiu, por sua vez, tambem nao se resume ao vazio : quem desaparece de um polo, emerge no outro. "